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Oficina de Fotografia
Arquivo de fazeres e pensares em e sobre fotografia


As ações artísticas contemporâneas assinalaram a descrença e superação da idéia de representação atribuída por muito tempo à arte. A pintura teve que admitir sua materialidade muda, sempre necessitada da leitura e interpretação do outro, a fotografia por sua vez demonstrou sua incapacidade documental revelando-se como escritura em aberta, sujeita a infinitas associações e interpretações. Todos os campos de ação artística, a partir da experiência acumulada, expandiram-se. As fronteiras das categorias artísticas foram suprimidas e/ou dilatadas e relações de interdependência se estabeleceram. Não há perdas, mas potencializações, como fica claro no caso da manifestação fotográfica. Os caminhos e possibilidades foram ampliados ao mesmo tempo em que pseudoverdades foram (des)constituídas.

A fotografia ocupa papel fundamental neste contexto. Eleanor Heartney[1] nos diz que neste espaço temporal também conhecido pro Pós-Modernidade a fotografia passou a ser considerada como um meio e recurso adecuado para um mundo onde a mediação da realidade é o fato central da vida. Capaz de instalar credibilidade, passível de ser reproduzida infinitamente, a fotografia tende a ser ao mesmo tempo ferramenta quanto alvo perfeito para a produção e crítica das artes contemporâneas que não têm mais como parâmetro à questão da exclusividade e originalidade.

(...) El testimonio que su sobria dureza nos entrega nos enseña a reconocer la imagen – en cuanto tal, ya ciega – no lo es del mundo: que en ellas no se representa el mundo, sino que sólo hace presencia un acontecer. Que ellas no son sino escritura, rastro perdido de alguna intencionalidad de decir, siempre inagotable y siempre por descifrar.[2]

Neste contexto, fronteiras artísticas[3] se tornaram tênues e materiais se hibridizaram permitindo a ampliação das ações. Os artistas com suas obras foram e têm sido os agentes deste processo e entendimento. A fotografia se emparelha enfim com o universo da arte.
* Fragmento de palestra desenvolvida no Encontro de Fotografia: entre arte e memória, ocorrido de 15 a 20 de abril de 2009 na cidade de Pelotas/RS, com o objetivo de discutir, refletir e apreciar a fotografia em suas mais variadas manifestações: Artes Visuais, Jornalismo, Publicidade, Design. Participação como palestrante na mesa redonda: Fotografia e Arte.




[1] . HEARTNEY, Eleanor. Pós-MODERNISMO. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
[2]BREA, José Luis. El Inconsciente óptico y el segundo obturador. La fotografía en la era de su computerizaciónhttp://aleph-arts.org/pens2/ics.htm, p. 9-10.
[3] Annateresa Fabris, Percorrendo Veredas: hipóteses sobre a arte brasileira atual” , in Revista USP, n.1 (mar./mai.), São Paulo: USP/ CCS, 1989.




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