sábado, 2 de março de 2013


CALVINO, Ítalo. A aventura de um fotógrafo. In: CALVINO, Ítalo. Os amores difíceis. Tradução de Raquel Ramalhete. São Paulo: Cia das Letras, 1992. p. 54.
 … Porque, uma vez que você começou – pensou-, não há nenhuma razão para parar. O passo entre a realidade que é fotografada na medida em que nos parece bonita e a realidade que nos parece bonita na medida em que foi fotografada é curtíssimo. (…) É só você começar a dizer a respeito de alguma coisa: “Ah, que bonito, tinha era que tirar uma foto!”, e já está no terreno de quem pensa que tudo o que não é fotografado é perdido, que é como se não tivesse existido, e que então para viver de verdade é preciso fotografar o mais que se possa, e para fotografar o mais que se possa é preciso: ou viver de um modo o mais fotografável possível, ou então considerar fotografáveis todos os momentos da própria vida. O primeiro caminho leva à estupidez, o segundo à loucura.


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