Foto analógica por Claudia Bistrichi
No percurso deste aprendizado de introdução a fotografia ampliei o meu conceito sobre esta.
Depois de O ato fotográfico de Phelipe Dubois jamais verei a arte contemporânea da mesma forma. Gostaria de terminar este ano letivo com a primeira mensagem que recebemos quando embarcamos neste grande universo repleto de muitas possibilidades:
"Apresentação: um espelho surpreendente
Um homem se questionava sobre o espírito presente não na
natureza, mas no fundo do espelho diante o qual se reencontrava cada manhã. Ele
perguntou-lhe, fixando-o profundamente: “será que um dia você poderá ver como
eu te vejo, ver como vê um ser humano”? O espelho começou a refletir
longamente, a analisar quais seriam suas maneiras próprias de ver e olhar.
Enfim, ele imprimiu sua resposta sobre o fundo de estanho, como todos os
espelhos fazem. O homem se extasiou quando descobriu essas palavras,
impecavelmente traçadas sobre a superfície polida: “Isto-me-lembra-uma-história”.
Aturdido ainda, o homem lhe perguntou “O que é uma história?”. O espelho
respondeu: “São pequenos nos, maneiras de ser atados e reatados, modos de ser
reunidos, como você e eu, estamos, neste momento”. Acrescentou, minha história
não é apenas sua, é de seu pai e de sua mãe, a história do afeto que você foi –
antes disso – a história do nascimento da animalidade e a história da emergência
da vida; é também a história do nascimento da sombra e da luz, a história de
teus olhos que aprenderam a ver e não ver, a história das representações
humanas, a história da perspectiva, a história das imagens que fabrico e das
imagens que você concebe para tentar se entender. Todas essas histórias são de nos, imediatamente legíveis”. O
espelho, então, estremeceu e, em seguida, esfacelou-se no chão. Perante o homem
apenas uma fotografia."
BATESON, Gregory. Mind and Nature. A Necessary Unity. New York: Dutton, 1979, p. 21-2 in: SAMAIN, Etienne (org). O fotográfico. São Paulo: Hucitec, 1998,p. 11.